ANÁLISE DE MEDIDAS MITIGADORAS PARA A REDUÇÃO DO PERIGO AVIÁRIO CAUSADO PELO URUBU DA CABEÇA PRETA (CORAGYPS ATRATUS)

Antonio Carlos Palermo Chaves

Resumo


Com o desenvolvimento das aeronaves e o aumento na demandapor voos comerciais, o tráfego aéreo aumentou e as aeronavestornaram-se muito rápidas e silenciosas para serem percebidas eevitadas pelas aves, representando sérios riscos para a segurançaaeronáutica. As colisões entre aves e aeronaves vão se tornandocada vez mais frequentes e sérias. No Brasil, o agravamento dasituação de risco de colisão de aeronaves com urubus durante osprocedimentos de aproximação, pouso e decolagem é atribuído,principalmente, ao desequilíbrio ecológico causado pelas áreasdestinadas à deposição de lixo urbano, aterros sanitários, curtumese pólos pesqueiros, que operam contrariando a legislação,no entorno dos aeroportos (PESSOA NETO, 2006). É notório opotencial atrativo de aves nos locais usados para destinação finalde resíduos sólidos urbanos, principalmente o urubu-da-cabeçapreta(Coragyps atratus) (BRASIL, 1997). A probabilidade decolisão de aeronaves com aves é dada em função da quantidadede aves presentes nas rotas de voo das aeronaves e do númerode vezes que estes elementos se cruzam no espaço aéreo. Já, aintensidade dos danos e lesões decorrentes da colisão entre umaaeronave e uma ave é dada em função da velocidade da aeronavee da massa da ave. Quando, em uma colisão, é atingido o motor,pode ser necessário abortar a decolagem ou efetuar um pousoforçado da aeronave, sendo ambos procedimentos de elevadorisco (PESSOA NETO, 2006). A presença de aves em aeroportospode ser atribuída a diversas causas, porém, normalmente estãodiretamente relacionadas à busca de alimentos ou de água, abrigo,segurança, nidificação e descanso. As atividades comerciais doaeroporto, realizadas sem a devida preocupação com a destinaçãofinal dos dejetos orgânicos gerados, contribuem sobremaneirapara o aumento de resíduos orgânicos nas áreas dos aeroportos,com consequente aumento na população de aves. Com relação àsáreas externas e próximas ao sítio aeroportuário a preocupaçãose dá a partir do desenvolvimento de atividades antrópicas quegeram resíduos. As formações aquáticas tais como os rios, lagos ealagadiços formados pela retenção das águas das chuvas, servemde pontos de “dessedentação» para as aves e constituem umhabitat permanente para o desenvolvimento da vida aquática.¹ Aluno do Curso de Especialização emMeio Ambiente e DesenvolvimentoSustentável-Ciências Biológicas – Unisuam;² Coordenador do Curso de CiênciasBiológicas – UNISUAM. Bolsista doLaboratório de Inovações em Terapias,Ensino e Bioprodutos- LITEB/IOC/FIOCRUZ.v. 8, n. 1, p. 5-6, jun., 2012Cadernos Unisuam6ISSN: 1981-6855 Rio de Janeiro,Peixes e seus alevinos, algas, larvas de insetos e outros sãoelementos determinantes na atração de aves que encontram-seem busca de alimentos (PESSOA NETO, 2006). Uma única espéciede ave está sempre presente, em grande quantidade, nas diversascidades brasileiras, o urubu-de-cabeça-preta (Coragyps atratus).É facilmente encontrada nas Américas e comumente associaseao homem. Alimenta-se de carne vermelha em deterioração,o que o torna importante para o equilíbrio ecológico. Suas asassão largas, sendo suas extremidades mantidas abertas durante ovôo. Nidifica em lugares bem escondidos, entre rochas de difícilacesso ou sob raízes (BASTOS, 2001). Geralmente o urubu-dacabeça-preta voa em círculos, valendo-se de correntes térmicaspara subir, o que lhe permite alcançar altitudes bastante elevadascom grande economia de energia. Dotado de vista muito aguda écapaz de detectar um objeto de 30 cm de comprimento quandoestá a 3.000 metros de altura. Assim sendo, não surpreende o fatode que a maioria das colisões ocorridas com aves no Brasil dá-secom o Coragyps atratus (PESSOA NETO, 2006). O gerenciamentodo perigo aviário representado pela ave Coragyps atratus noentorno dos aeroportos brasileiros é tarefa complexa quedemanda inúmeras medidas mitigadoras conexas e mobilizaçãode recursos e pessoal especializado Devido ao elevado riscode colisão com aeronaves, demonstra-se que todo o esforço éjustificável. Uma condição ideal só será alcançada quando foremcombinadas ações de estrito cumprimento da legislação quenormatiza a ocupação do uso do solo com a redução das condiçõesambientais e sanitárias degradadas. Esse esforço, certamente,passa por uma melhoria significativa do nível educacional e devida das populações que habitam o entorno da maioria dosaeroportos brasileiros. Interações com os órgãos governamentais,notadamente dos municípios, devem se constituir em rotina, poishá necessidade de absorção da legislação federal concernente àproteção do entorno aeroportuário pela legislação municipal deuso do solo.

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