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O efeito da imagética motora sobre o controle postural.
Última alteração: 2013-09-04
Resumo
A imagética motora pode ser definida como um processo dinâmico durante o qual o indivíduo evoca o plano motor de um movimento sem, no entanto, executá-lo. Vários estudos demonstram que há uma equivalência temporal entre a imaginação e a execução de um movimento, e que há também uma sobreposição entre áreas cerebrais ativas nas duas situações. A imagética tem sido empregada na reabilitação com o intuito de aumentar a força muscular, modular o controle postural e melhorar o desempenho nas atividades. Anteriormente mostramos que a imaginação de um movimento envolvendo ajustes posturais complexos é capaz de aumentar a oscilação postural. O objetivo do presente estudo é verificar se existe uma relação entre as características do movimento que está sendo imaginado e as alterações subsequentes no padrão de oscilação corporal. Vinte e três voluntários participaram do experimento (idade média de 25 anos). Eles foram posicionados sobre uma plataforma de força (AccuswayPLUS, AMTI, USA) com os pés unidos. O padrão de oscilação postural foi registrado no repouso, e em seguida foram realizados 2 blocos de tarefas. O primeiro bloco incluiu a execução dos seguintes movimentos: (1) alcance frontal com a mão direita; (2) alcance lateral com a mão direita; (3) flexão plantar bilateral. No segundo bloco os voluntários deveriam realizar a imagética motora dos mesmos movimentos executados no primeiro bloco. A ordem das tarefas foi definida aleatoriamente. Durante as tarefas experimentais foram coletados o deslocamento do centro de pressão dos pés (COP), juntamente com o EMG dos músculos gastrocnêmio lateral e deltóide, ambos do lado direito do corpo. O EMG foi incluído para garantir que os voluntários não estivessem executando o movimento durante as tarefas de imagética. Ambos os sinais foram registrados por 40 s. A análise do COP foi realizada pelo cálculo do desvio padrão e velocidade média nas direções ântero-posterior e látero-lateral. A amplitude do EMG foi estimada a partir do coeficiente de variação (CV). Uma ANOVA com medidas repetidas foi utilizada para a análise estatística, com um nível de significância de 5%. Houve diferenças significativas entre as condições experimentais para todos os parâmetros posturográficos analisados, sendo essas diferenças direção-específica (ex.: imaginar alcance lateral aumentou a oscilação látero-lateral). Como esperado, não houve diferença entre o CV do EMG durante as tarefas de imagética, quando comparadas ao repouso. Os resultados do presente estudo apontam para a existência de uma especificidade do efeito da imagética motora sobre o controle postural. Esse conhecimento pode auxiliar no desenvolvimento de novas abordagens de reabilitação empregando a prática mental para pessoas com alterações do equilíbrio tanto decorrentes de lesões neurológicas como do processo fisiológico de envelhecimento.